quinta-feira, 17 de maio de 2012

D. Manuel II E D. Amélia: Cartas Inéditas Do Exílio



D. Manuel II é, para o superficial juízo comum ou para a apreciação tendenciosa ainda hoje corrente, apenas o Rei quase menino que, em 5 de Outubro de 1910, "fugiu da Ericeira para o exílio. Mentira: o Rei, que só retirara em 4 para Mafra a pedido do Governo, saiu dali (com a República já proclamada em Lisboa) a caminho da Ericeira, cercado na praia pelos respeitoso silêncio de centenas de populares, para ás 15 horas, no iate Amélia, o rumo do Porto, onde esperava encontrar fidelidade. Depois de pressões da oficialidade de bordo, contrárias à sua expressa intenção e às das Rainhas D. Amélia  e D. Maria Pia, resignou-se a alcançar Gibraltar, onde chegou às 21 horas de 6 de Outubro, permanecendo todavia no Amélia até 9, à espera de notícias sobre uma eventual reversão de situação em Portugal. Desembarca então do navio, com todas as honras, e manda depois uma mensagem de agradecimento à guarnição.
Essa é a resumida história da "fuga" de um homem que, em toda a curta vida vida sempre combateu no mais lato sentido, ao serviço constante de Portugal, da Cultura e da condição humana. A primeira Guerra Mundial apanhou-o nessa coerência; D. Manuel II participou como voluntário no conflito, sendo-lhe atribuídas altas funções como Oficial da cruz Vermelha Britânica, de 1915 a 1919. Ganharia enorme prestígio público em Inglaterra. Embora solidário com a intenção restauracionista dos monárquicos, resvalou depressa, sensivelmente desde 1914, para a convicção que a Monarquia não poderia ressurgir de improvisos; exigira, sim, um amplo e organizado consenso.
Foi, ao longo de 22 anos de exílio, um notável embaixador incógnito de Portugal.

Autor: Fernando Amaro Monteiro
Editora: Editorial Estampa
PVP: 20.90€

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